Rotina do mar

Para que o tempo passe logo, sento na areia da praia, com os olhos entreabertos, ouvindo e sentindo o vento, que massageia minha pele, e embaraça meus cabelos. Enquanto o Sol está fazendo seu trabalho, o vendedor de água de côco também faz o seu. A mulher do biquíni minúsculo rebola, procurando a atenção do garoto musculoso e tatuado. Tamanho é o exibicionismo. A avó coruja leva o neto para dar um mergulho, mas logo o chama para banhar-se em protetor solar. Coisas de avó. O siri corre pela areia, procurando o seu lar, mas tem a infelicidade de ser pego por crianças travessas e curiosas, loucas para saber o que existe dentro do casco de um siri. Os jovens jogam vôlei, e erram muitos arremessos. Alguém precisa ensiná-los a jogar! A famosa atriz da novela das oito está ao Sol, mas prefere ir embora, pois percebeu que a moita de mato ao lado, na verdade, era um paparazzi procurando qualquer resquício de imperfeição corporal. A noite chega, a água do mar esquenta, o bêbado sai do bar, e corre para tomar seu banho nessa água, que ele acredita ter o poder de curá-lo da bebedeira. Ele brigou com a esposa, e vai dormir na areia esta noite. Coisas do álcool. O dono da barraca a fecha, os turistas já foram embora. Amanhã, eles terão um outro destino. Mas, o vendedor de côco vai voltar. A menina do biquíni minúsculo também, já que esqueceu de passar o endereço de seu perfil da Internet para o tatuado musculoso. A avó fará a vontade do neto, e voltará para comer um siri assado, o mesmo que foi assassinado pelas crianças na manhã de ontem. Os jovens do vôlei voltarão, eles sabem que precisam treinar mais. E o Sol, bem... Ele nunca sairá dali, afinal, a rotina nunca seria a mesma sem ele.